terça-feira, 28 de agosto de 2007

A HERANÇA DOS MANSOS




"Quão felizes são os mansos, pois eles herdarão a terra".
Mateus 5:5

Mansidão é sinônimo de humildade e é uma das características do cristão. É uma disposição de obedecer a Deus de forma confiante e alegre. Essa bem-aventurança se baseia no Salmo 37:11: "Mas os humildes receberão a terra por herança e desfrutarão pleno bem-estar".

A mansidão é parte do caráter do próprio Deus que, apesar do seu poder e justa indignação com o pecado, é o seu amor e misericórdia quem se manifesta no final. Davi disse uma vez quando Deus mandou escolher qual castigo sofrer por uma falta grave cometida: "Prefiro cair nas Tuas mãos a cair nas mãos dos homens, porque o Senhor é misericordioso".

Quais os aspectos da mansidão de Deus? O primeiro é que, a despeito de ser o Altíssimo Rei do Universo, se aproxima do ser humano para exaltá-lo. Salmo 18: 35 diz: "Tu me dás o teu escudo de vitória; Tua mão direita me sustém, desces ao meu encontro para exaltar-me". Quando decidimos confiar plenamente em Deus e pararmos de lutar contra sua vontade e, humildemente nos submeter, Ele nos exalta diante de todos, inclusive dos inimigos. ele não se ressente de compartilhar suas bênçãos conosco. É esse aspecto de Seu caráter que está descrito no Salmo 23: "preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos".

Um outro aspecto é o seu afeto e carinho por nós. Isaías 40:11 diz: "Como pastor ele cuida de seu rebanho; com o braço ajunta os cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que amamentam suas crias". Deus nos trata com amor e se importa com cada detalhe de nossa vida, inclusive com as circunstâncias pelas quais passamos. É companhia nas alegrias e nas tristezas.

Um outro aspecto é a sua notável determinação para restaurar o quebrado, encontrar o perdido, curar o doente e perdoar o pecador. Isaías 45:3 diz: "Não quebrará o caniço rachado, e não apagará o caniço fumegante, com fidelidade fará justiça". Deus não tem prazer na destruição de uma pessoa derrotada, quebrada por causa de seus erros, e pancadas levadas na vida. Ele não termina de quebrar o que está rachado e nem acrescenta peso à culpa do pecador, seu objetivo de restaurar, fazer justiça, trazer de volta o que estava perdido.

Portanto, quando Jesus exalta a mansidão, não o faz porque Deus é um líder tirano opressor que se interessa pela passividade dos liderados. Mas porque conhece o Pai como um Deus cheio de mansidão, de serenidade e amor no trato com seus filhos, e ansioso pela volta daqueles que se perderam no meio do caminho.

Por isso o Autor de lamentações declara que Deus é a sua esperança quando diz: "Agora, porém, quero trazer à memória aquilo que me dá esperança: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, pois o seu amor não tem fim. Ele se renova a cada manhã". Lamentações 3:21-23

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

MAIS-QUE-VENCEDORES


O Encerramento do PARAPAN deixa saudades e profundas lições.


Todos os seus participantes tinham em seu corpo alguma limitação física, alguma deficiência de nascença ou acidental. Todos tinham motivos suficientes para se recolherem em depressão ou revolta pelo que a vida lhes privou, e viver entregues, dependentes, como desistentes da vida.


Quando eu vejo a foto acima, contudo, enxergo mais que vencedores que não se entregaram, não se conformaram e nem permitiram que as ditas deficiências físicas limitassem sua existência, antes, através do esporte, com determinação e garra, fizeram delas obstáculos a serem superados, um mero detalhe a mais na superação dos limites tornando-se exemplos para quem decidir não permitir que nenhuma barreira os impeça de viver. Meus parabéns a todos os atletas que participaram deste evento.


Esses paraatletas me lembram o que o Autor da carta aos Hebreus falou a seus leitores em Hebreus 12:1,2: "Portanto, também nós que estamos cercados por tão grande núvem de testemunhas, livremo-nos de todo o peso e do pecado que tão de perto nos rodeia e corramos a carreira que nos foi proposta, olhando fixamente para Jesus, Autor e Consumador da nossa fé".


A Bíblia compara a nossa vida com uma maratona, uma corrida de resistência, onde a perseverança é condição fundamental para vencer. Nessa corrida não vence quem não tem fraquezas, ou limitações, não é uma carreira para "perfeitos". Todos nós por causa da nossa natureza carnal, somos marcados por deficiências e limitações espirituais, que nos distanciam de Deus.


Sendo assim quem vence tal corrida?


Aquele que segue o exemplo de fé de quem já terminou a corrida. O capítulo 11 nos dá uma lista de pessoas que, conquanto limitadas e tão humanas quanto nós, venceram, chegaram ao final, algumas conhecidas, outras anônimas, mas todas exaltadas por Deus como "pessoas dos quais o mundo não era digno". Elas não tinham nada de especial, apenas souberam correr conforme as instruções dadas por Deus. O que fizeram e nós devemos fazer também?


Devemos nos livrar dos pesos desnecessários, dos pensamentos, atividades que atrapalham a caminhada, do ativismo em excesso, dos complexos e fortalezas espirituais, dos pensamentos fixos de derrota. É preciso se livrar dos pesos.


Além disso, devemos nos distanciar do pecado, das práticas que entristecem a Deus, que força a pessoa a andar para trás e, a cada dia, aproximarmos de Deus, cônscio de que, quanto mais próximo dele, mais longe do pecado.


Também precisamos decidir nunca desistir. Perseverança é assumir um compromisso de continuar aconteça o que acontecer. Não existem vitória sem determinação de superar os limites, deficiências e fraquezas no poder do Espírito Santo.

Para vencer, contudo, é fundamental ter a mente focada em Jesus Cristo, olhar para a linha de chegada e continuar em direção a ela até chegar. É esperar receber dele o abraço, o elogio, o aplauso, ele tem dito a você durante a caminhada: "continue, vai valer a pena". Todo o sofrimento e esforço, toda superação será recompensada pela coroa que está reservada no final.

Os paratletas me lembraram a minha corrida espiritual, do que preciso e posso, em Deus, superar, de olhar para aqueles que já venceram, abandonar tudo o que possa me impedir de chegar ao final e a não desistir por nada, porque quero ouvir o meu Senhor dizer quando eu chegar: "Você é um filho em quem eu tenho prazer, que me dá alegrias!". Vale a pena o preço a ser pago agora.

Aos paratletas meus parabéns, e meu muito obrigado! Vocês merecem o nosso respeito!






sexta-feira, 17 de agosto de 2007

FÉ APESAR DE TUDO


A mídia tem noticiado sobre o terrível terremoto que assolou o Perú essa semana. O quadro é assolador. Mais de quinhentos mortos, corpos espalhados pelas ruas e casas, milhares de desabrigados. Ainda não se chegou a números reais da tragédia, que repercutiu no Brasil e até no Japão.

Hoje me deparei com a foto acima. Uma mulher peruana sentada em frente aos escombros de sua casa lendo a Bíblia. Pode-se especular sobre as razões que a levaram a isso, descobrir as razões, buscar conforto. Sabemos que igrejas foram destruídas nesse episódio.

Essa cena me faz refletir sobre os grandes enganos que têm assolado a teologia evangélica brasileira. Hoje está popularizado o ensino da teologia da prosperidade que prega a riqueza material como bênção de Deus, que o cristão está imune à doenças e sofrimento, tal teologia não prepara as pessoas para enfrentar situações como às dessa mulher.

A Bíblia nunca nos prometeu ausência de aflição, mas a certeza da vitória, do consolo. do conforto e da presença de Deus conosco. O estar no mundo nos faz sujeitos às tragédias do mundo, Jesus mesmo deixou claro que o sol nasce para justos e injustos e os problemas também. O xis da questão não são as tribulações mas como nos comportamos dentro delas, como reagimos a elas, como nossa fé se posiciona frente às tempestades.

Quero imaginar essa mulher com o coração apertado, não sei se perdeu parentes e familiares nem se tem para onde ir. O que sei é que sua decisão de abrir a Bíblia reflete a sua fé. Quero crer que, em frente aos escombros de sua casa, de suas lembranças de uma vida inteira, esteja buscando ao Senhor e dizendo no auge da sua dor:

"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor é a minha fortaleza e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente." Habacuque 3:17-19

Por mais dolorido e terrível que seja a prova, tanto maior será a graça de Deus sobre nós. É fácil ter fé quando tudo está bem, contudo, depois de tão terrível terremoto, tantos mortos, tantos feridos e desabrigados, a fé continua afirmando, confiando, crendo que Deus é Deus. Fé para ser fé tem de ser fé apesar de tudo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

MAIS UMA VÍTIMA DA VIOLÊNCIA

Foto do possível assassino de Tamires


A notícia da morte da jovem Tamires no auge de seus 20 anos, na noite do dia 13 de agosto, num assalto ao carro onde estava, por não ter conseguido soltar o cinto de segurança, tornando-se mais um dígito nas estatísticas das vítimas da violência chocou pelo nível de banalização da vida humana a que se chegou. isso metrouxe algumas reflexões:





A primeira, a violência atingiu um nível tal em que o poder público não está conseguindo acompanhar, e a continuar nesse rumo, vai chegar à anarquia. Toda a omissão das autoridades de outros tempos, a indiferença quanto á questão dos marginalizados da favela, a complacência e o consumo dos produtos ilegais do tráfico por parte da sociedade, agora, como um bumerangue, se volta contra ela.





A segunda, a violência afeta o processo natural das coisas. Ao ver o pai de Tamires no local do crime desesperado pela morte da filha, e pensar no fato de que, como muitos outros pais, ele vai enterrar os sonhos, os projetos, sua posteridade, e futuro. Vai enterrar o seu coração junto. Vai enterrar quem deveria enterrá-lo quando morresse.





A terceira reflexão, é que, enquanto as autoridades vão perdendo tempo dando desculpas e explicações para o inexplicável e a incompetência, a violência vai destruindo um pilar fundamental da sociedade: Os seus valores. A vida é o bem maior da humanidade, mas tem valido menos do que algumas gramas de cocaína ou crack. Tem valido menos não para os bandidos, mas também para a sociedade consumista e fria de hoje.





Por fim, não se pode deixar de pensar na realidade da morte, do encontro inevitável com ela, e, o encontro com o nosso Criador. Tamires foi ceifada no auge da sua juventude, e nem um dos seus planos, projetos e sonhos foram levados em conta. Estava de viagem marcada para o Japão, queria buscar algo melhor para seu futuro. Tal fato me faz lembrar o diálogo que o filósofo Sócrates teve com um discípulo sobre o assunto. "Mestre, qundo é que devo me preparar para a morte"? perguntou o aprendiz, "Um dia antes da sua chegada", respondeu o velho sábio. o aluno retrucou: "mas eu n ão sei quando ela vai chegar!" "Então comece a se preparar hoje".





Essa é a razão pela qual a Bíblia nos diz: "Vocês nem sabem o lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa!" (Tiago 4:14). Por isso, é extretamente importante seguirmos a recomendação do profeta Amós: "prepare-se para encontrar-se com seu Deus" (Amós 4:2).





Você está preparado?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O CHORO DE QUEM VÊ A INJUSTIÇA




“Quão felizes são os que choram,pois serão consolados”
Mateus 5:4



Quem chora terá consolo.

A sensibilidade é uma característica do filho de Deus. Por mais trágicas que sejam as situações enfrentadas, como disse Che Guevara, ele nunca perde a doçura, mas se recusa a deixar-se cauterizar, endurecer, represar, se acostumar com o mal como algo normal,banal, a chamar o erro de acerto e o acerto de erro.

Paulo diz que “o amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (I Coríntios 13:6). O lamento pela injustiça é o choro de quem ama a verdade, por causa do evangelho. Não é um choro de murmuração ou revolta, mas de dor de um coração que se importa com a situação, contudo, entrega a Deus porque confia que “o Senhor faz justiça e defende a causa dois oprimidos” (Salmo 103:6).

Esse pranto não é daquele que sofre a injustiça somente, mas a vê se estabelecendo como um sistema, uma prática, uma cultura. Ele enxerga a situação geral, vê a desesperança que provoca nas pessoas e, não conseguindo ficar indiferente a tudo isso, chora, sentindo um pouco o que Deus sente.

O choro da injustiça é uma reação de indignação justa ao que está errado, é a ira que não peca. É o grito de alerta ao mundo que haverá conseqüências sérias para quem insistir em viver fora dos propósitos de Deus. A Bíblia diz: “Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem” (Romanos 2:2).

É preciso uma dose maior de maturidade espiritual para sair do egocentrismo, da zona de conforto e voltar os olhos para o que está ao redor, e reagir com tristeza e indignação ao estado de injustiça, impunidade e desprezo pelo que é correto que reina na sociedade em geral. Quem vai a Deus interceder chorando pela causa da justiça no mundo tem consolo garantido.

A FELICIDADE DOS QUE CHORAM




“Quão felizes são os que choram, pois serão consolados”.
Mateus 5:4


Parece um contra-senso a expressão: quão felizes os que choram. Contudo, numa sociedade cansada de represar emoções para não demonstrar fraquezas, relacionamentos superficiais e utilitários, e de pagar alguém para ouvir seus problemas, ela expressa alívio. As empresas, atestando o grande prejuízo emocional desse estado de coisas, têm promovido momentos de convívio mútuo, palestras motivacionais, e premiações para superar tais dificuldades, investindo inclusive em assistência terapêutica.

A ciência tem atestado que o choro é uma prática saudável que alivia a alma, revigora as baterias emocionais e dá vazão à dor. Quem não chora adoece o espírito. É bom, contudo, destacar que, apesar de todo o bem estar que proporcione, Jesus não se refere a qualquer choro. Por exemplo, ele não está afirmando que é feliz quem chora de raiva, ou por causa do orgulho ferido, ou da mágoa ou do rancor guardado, de ódio ou de manha. Jesus não associa o choro às manifestações de gênio, mas à nossa sensibilidade à certas circunstâncias.

Jesus se refere à reação emocional pura e sincera que leva à uma ação, e não a uma comoção passageira que deixa tudo como está. Não é o choro do sensibilizado, mas do frustrado, do aflito. De alguém que tentou e não conseguiu, embora desejasse muito. Quais os choros que levam a tal prática? O choro de quem reconhece seus erros e pecados, de quem sofre e enxerga a injustiça, de quem se compadece da dor do outro, de quem está aflito e de quem sofre da tristeza dada por Deus.

A reação emocional por causa do pecado é um aspecto do arrependimento. Tal reação vem do reconhecimento de que falhou com Deus, e concordou com Ele que o ato cometido foi pecado e um mal, segundo o Seu ponto de vista de Deus, e, por isso, tem consciência que esse erro o o fez enviar seu Único Filho para morrer na cruz por causa disso. Quem chora essas lágrimas não se prende à culpa ou ao remorso, mas busca, sinceramente, corrigir seus erros e o perdão de Deus ou da pessoa que magoou, e demonstra profunda decepção consigo mesmo por não conseguir fazer Deus, o seu Pai sorrir.

Deus, por sua vez, se comove com o choro do arrependido e o espera de braços abertos porque, para Ele não há melhor culto, melhor adoração, melhor declaração de confiança do que a daquele que abre sua alma em confissão e se joga em seus braços na certeza de que será aceito. Davi conhecia bem esse aspecto do caráter de Deus, por isso, em sua confissão, escreveu: “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás”(Salmo 51:17). Há muito tempo Ele tem chamado seus filhos ao arrependimento. “Agora, porém, declara o Senhor, voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto” (Joel 2:12).

Arrependimento não é uma atitude conseqüente do pecado que foi descoberto, mas a ação consciente por causa do pecado praticado. O arrependido toma a iniciativa de confessar, não confessa porque foi flagrado no erro, embora possa existir arrependimento em quem é pego. Contudo, o mundo tem como verdade a idéia de que errado não é cometer o pecado, mas ser pego. Nada, porém, passa despercebido por Deus.

O arrependido é aquele que reconhece o erro e, sem justificá-lo, o confessa com profunda tristeza e quebrantamento. Não argumenta, não racionaliza que todo mundo faz nem transfere a culpa para o outro, simplesmente diz: Fui eu Senhor, só eu errei. E chora suas limitações e fraquezas se colocando à mercê da misericórdia e do amor de Deus.
Quem chora dessa maneira é feliz porque encontra o consolo do perdão de um Pai amoroso que o espera de braços abertos. Por isso Pedro pregou no templo: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, para que venham tempos de descanso da parte do Senhor, e ele mande o Cristo, o qual lhes foi designado, Jesus”. (Atos 3:19,20).

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

OS SÍMBOLOS DA HUMILDADE 2





“Quão felizes são os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus”
Mateus 5:3


No último estudo falei sobre a ovelha como um dos símbolos de humildade, vamos falar de um outro animalzinho. A corça. Com uma altura média de 95 a 135 cm de alturas e um peso entre 18 e 29 Kg, é considerada o menor cervídeo europeu. Ao passo que a ovelha é um animal dócil, e se ajusta bem ao confinamento, a corça é arisca, avessa a confinamentos e de caráter migratório.

Sua habilidade de, num salto, cobrir grandes distâncias, a faz um animal ligeiro e difícil de ser pego. Costuma escalar lugares altos que alcança rapidamente com seus saltos. O profeta Habacuque disse no fim do seu livro: “O Senhor, o Soberano, é a minha força; ele faz os meus pés como os da corça; faz-me andar em lugares altos” (Habacuque 3:19).

Apesar de hábil, a corça é um animal frágil, que fica sedenta e desesperada por água com muita freqüência. Dotado de olfato privilegiado sente o cheiro da água a quilômetros de distância e é capaz de perceber um lençol de água a metros abaixo da superfície. Seu desepero a faz perseguir a água até achar a sua nascente. Por isso Davi escreveu: “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” (Salmo 42:1).

A corça, por suas características, lembra um outro aspecto da humildade: O equilíbrio entre a liberdade e a dependência de Deus. Assim como ela precisa desesperadamente de água, a todo instante para poder saltar livremente, é preciso humildade para reconhecer que ser livre é depender de Deus que não nos confina, mas liberta de todas as cadeias que nos prendem. Seu Espírito nos enche para que possamos andar, saltar e escalar os lugares altos acima das circunstâncias, problemas e tudo o mais (como diz a canção). Para andarmos em Sua presença.

Como a corça, contudo, é necessário aprender a beber a quantidade diária necessária para viver e vencer neste dia. É no poder do Espírito Santo que chegamos cada vez mais perto de Deus. Muitos pregam que Quanto mais poder mais perto de Deus, como se estar com Ele depende de quantidade e intensidade. Chegar mais perto de Deus está relacionado com a convivência, com um processo diário e continuado, com o desejo apaixonado, com o anelo intenso, com a busca que toma o coração. Deus nos dá a medida diária necessária dEle, nem mais nem menos. Se a necessidade aumentar, ele aumentará a dose, é um processo, não uma corrida.

Ser humilde é andar em lugares altos, mas perto dos rios. É ir longe na direção de Deus, é buscá-lo, como escreveu Helder Assis, com desespero, com sede, com o olfato privilegiado para localizar a fonte certa, continuamente, todos os dias sem se acomodar, sem se deixar confinar. Como uma Ferrari sem gasolina não é nada, não somos ninguém sem Deus, por mais talentosos que sejamos. É admitir em meio a uma sociedade que tem a independência como utopia, e a solidão como resultado, que precisamos de Deus, e ele sabe disso, e está pronto para reabastecer nossa alma com seu conforto, nossas emoções com Seu amor, nossa mente com suas verdades e nossa fé com suas respostas.

Não tem coisa pior do que sofrer, chorar e não ter ninguém ao lado para encostar a cabeça. Feliz é aquele que, humildemente, reconhece que sua liberdade está na dependência do Senhor que o faz andar em lugares cada vez mais altos, até chegar ao reino dos céus onde está sua herança.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

OS SÍMBOLOS DA HUMILDADE 1




“Como são felizes os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus”
Mateus 5:3


Essa bem-aventurança fala de humildade. O termo significa pobreza, mendicância, que na essência indica dependência, simplicidade, ausência de orgulho e de ambição.
A Bíblia sempre associa qualidades essenciais a animais, a águia representa a renovação e a força no Senhor, por causa dos seus vôos. A serpente, apesar da associação com o mal, também pode ser ligada a prudência. A formiga representa o trabalho previdente. Três animais, porém são associados com a humildade: A ovelha, a corça e a pomba. Hoje vamos falar do primeiro animal.
A ovelha, depois do homem, é o animal mais dependente que existe. Não possui um senso de orientação aguçado se perdendo com facilidade do rebanho tornando-se alvo fácil das feras do campo. Ela necessita a todo instante da presença segura do pastor para se sentir tranqüila.
Seu amor pelo pastor é demonstrado no fato de ouvir a sua voz e conhecê-la. Sendo leal a seu dono ela descansa ao ver o cajado, pois sabe que onde estiver o cajado, o pastor está.
A ovelha anda em bando e depende dele. É um animal de natureza comunitária. Por não saber andar só e ser pouco inteligente, berra muito alto quando se perde, mas, na eminência da morte se limita a derramar uma lágrima singela.
A ovelha me ensina que a humildade de espírito implica no reconhecimento de total dependência de Deus, de que, sem Ele, se anda perdido na existência. Na Sua presença se pode descansar.
Ser humilde é amar a Deus como seu bem maior. É ouvir, conhecer e atender ao seu chamado, e somente a ele. É enxergar as Escrituras Sagradas como o Seu cajado e crer que ele está onde o cajado está. É reconhecer que a vida não para ser vivida de forma egocêntrica, egoísta, mas, como disse Paulo Solonca, de maneira OUTROCÊNTRICA, ou seja, levando sempre o outro em conta. É viver de modo comunitário, para servir. Humildade é reconhecer-se como alguém de comunidade, dependente de comunidade.
Ser humilde é ter coragem de dizer que dói, onde dói (como já disse Caio Fábio), é reconhecer e expressar as dores e os medos, as dúvidas e tristezas, os erros e pecados. Ser humilde é saber morrer, por acreditar que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova vida com o pastor.