segunda-feira, 30 de julho de 2007

COMO SAIR DA CAVERNA DO ESGOTAMENTO ESPIRITUAL EM 40 DIAS


I Reis 19: 1-18

1 – Ora, Acabe contou a Jezabel tudo o que Elias tinha feito e como havia matado todos aqueles profetas à espada.
2 – Por isso Jezabel mandou um mensageiro a Elias para dizer-lhe: Que os deuses me castiguem com todo o rigor, se amanhã nesta hora eu não fizer com a sua vida o que você fez com a deles.
3 – Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo
4 – e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte: Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados.
5 – Depois deitou-se debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: Levante-se e coma.
6 – Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se novo.
7 – O anjo do Senhor voltou, tocou nele e disse: Levante-se e coma, pois sua viagem será muito longa.
8 – Então ele se levantou, comeu e bebeu. Fortalecido com aquela comida, viajou quarenta dias e quarenta noites, até chegar a Horebe, o monte de Deus.
9 – Ali entrou numa caverna e passou a noite. E a palavra do Senhor veio a ele: O que você está fazendo aqui, Elias?
10 – Ele respondeu: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, o Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me.
11 – O Senhor lhe disse: Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o Senhor vai passar. Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto.
12 – Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve um murmúrio de uma brisa suave. Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou à entrada da caverna.
13 – Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou à entrada da caverna. E uma voz lhe perguntou: O que você está fazendo aqui Elias?
14 – Ele respondeu: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, o Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me.
15 – O Senhor lhe disse: Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria.
16 – Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho deSafate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta.
17 – Jeú matará todo aquele que escapar da espada de Hazael, e Eliseu matará todo aquele que escapar da espada de Jeú.
18 – No entanto, fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram.
“Elias... viajou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horebe, o monte de Deus. Ali entrou numa caverna...”.

v. 8,9



Introdução

Não é raro encontrarmos pessoas que estavam indo bem na sua caminhada cristã, tendo vitórias sobre as lutas, vendo suas orações, até a das causas impossíveis sendo respondidas, que, de repente, somem, se isolam, se recolhem, se fecham em si mesmas e começam a diminuir a freqüência na igreja até não virem mais. O que aconteceu? Por que o número de desviados é tão grande quanto os de membros de igreja?

O texto que lemos mostra que Elias acabara de conseguir grande vitória e notáveis respostas às suas orações. Ao glorificar a Deus seu prestígio subira muito na terra! Contudo, ao se deparar com o inesperado recado da rainha Jezabel, o diabo de saias, Elias fugiu e se recolheu numa caverna. Não só entrou, ele ficou em atitude de caverna, no qual a maioria das pessoas afunda ocasionalmente. Tanto o seu coração, sua mente, e seu corpo se tornaram prisioneiros de suas emoções negativas e do seu desespero que o amarrava como uma corrente de ferro.

Martinho Lutero tinha períodos em que entrava nessa caverna e não saía com facilidade, nem mesmo os sucessos espirituais, como a tradução da Bíblia em alemão, foi o suficiente e, nessa ocasião, Satanás chegava para tentá-lo. Um dia o diabo veio com um livro dizendo ser um registro de todos os pecados dele. Abrindo-o citou alguns, mas Lutero, que em princípio ficou deprimido, começou a rir e dizer: “Olha, Satanás, os meus pecados estão escritos no teu livro, mas no de Deus eles já foram apagados com o sangue de Jesus”. E saiu da caverna do esgotamento espiritual.

Todos nós estamos sujeitos a entrar na caverna do esgotamento espiritual, e hoje vamos refletir sobre a oportunidade que a Campanha dos 40 dias lhe dá para sair dela. Elias entrou e saiu da caverna do esgotamento espiritual em quarenta dias. Precisamos sair da caverna do esgotamento espiritual nesses quarenta dias da Campanha de vida com propósitos. Como sair da caverna do esgotamento espiritual em 40 dias?


I – DESCUBRA O QUE O LEVOU À CAVERNA DO ESGOTAMENTO ESPIRITUAL

1.1. Uma Expectativa Errada de Futuro


“Elias teve medo e fugiu para salvar a vida... orou pedindo a morte: Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados...”. v. 3,4


Elias foi um dos personagens mais ilustres, peculiares e dramáticos da Bíblia porque assumiu posição muito firme, na causa do único Deus verdadeiro, desafiando quatrocentos e cinqüenta sacerdotes e profetas de Baal. O Deus de Elias respondeu com fogo naquela ocasião. Ao ouvir falar desta vitória miraculosa, Jezabel declarou sua intenção de mandar matar Elias em vinte e quatro horas. Fugindo em busca de proteção contra a ira dela, finalmente chegou ao ponto de achar que o futuro não lhe reservava nenhuma esperança. Em seu desespero, se assentou debaixo de uma giesta (zimbro, em outras versões), uma árvore típica dos desertos da Judéia que davam sombra aos peregrinos, e, pensando em desistir de tudo, pediu para morrer.

O que levou Elias a entrar naquele profundo estado de desencorajamento, desânimo e frustração? Ele idealizou um futuro para Israel e para si mesmo. Achou que a demonstração de poder que Deus realizara traria um avivamento imediato à nação. Por que a expectativa de futuro de Elias estava errada? Primeiro, ele viu seus sonhos ruírem como castelo de areia e o medo tomou conta de sua alma porque transformou-se de herói do povo em proscrito e ninguém se levantou a seu favor. Segundo, sentiu-se só, fracassado, tendo a impressão que a vida perdera o sentido. Terceiro, achou que aquela vitória no Monte Carmelo era definitiva quando, era só uma grande batalha. Quarto, Deus nunca prometera a ele que o futuro aconteceria como ele imaginou, esqueceu-se que o coração das pessoas é tão duro que não é um milagre externo que as leva a se render e sim o milagre feito no coração.

Isaías 55:8,9: “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos, declara o Senhor. Assim como os céus são mais alto do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus caminhos”.

Uma coisa que leva à caverna do esgotamento espiritual é os ideais elevados demais. Alguns se afastam da igreja porque acham que ela deve ser perfeita. Ora a igreja não é composta de pessoas perfeitas, mas de pessoas que buscam ser diferentes do que eram antes de conhecerem a Jesus e essa busca é um processo. Ela é um edifício em construção e enquanto estiver em obras vai haver entulho dentro dela que Jesus removerá até ela ficar pronta. A Nova Jerusalém em Apocalipse é a Igreja pronta. Cuidado com suas expectativas de futuro. No lugar de buscar perfeição em si mesmo e nas outras pessoas, compreenda que todos nós estamos em construção e que Jesus irá terminar a obra. Por isso é muito bom que digamos uns aos outros: “Tenha paciência comigo, Deus ainda não terminou sua obra em mim”.

O filme “Olga” nos conta a história do fracasso da intentona comunista na época de GetúlioVargas, Luís Carlos Prestes projetou uma revolução baseada em ideais que julgava ser compartilhados por setores estratégicos da sociedade, o resultado foi decepcionante. Suas expectativas não foram correspondidas.

Ideais elevados demais nos levam a desenvolver expectativas erradas de futuro. Acharemos a pessoa certa para casar e ser feliz, nossos filhos realizarão nossos sonhos, nossa empresa irá de vento em popa, nossa carreira é tudo que precisamos. Tais expectativas caem por terra na primeira decepção, e o que mais chateia é o fato de que nem mesmo nós conseguimos preencher esses ideais que adotamos. Não conseguimos ser a companhia ideal, o parceiro ideal, o pai ou a mãe ideal, o filho ideal, o empresário ou o funcionário ideal, ou um membro de igreja ideal, e aí entramos na caverna do esgotamento espiritual, envergonhados consigo mesmo e decepcionados com os outros.

Por mais elevados que possam parecer, nossos ideais não chegam aos pés dos planos que Deus tem para cada um de nós. Ele não tem ideais, mas propósitos. Planejou vivermos em relacionamento com Ele e Sua família, um padrão de vida em Seu Filho Jesus Cristo, sentido de vida baseado no serviço e uma missão de resgate de pessoas perdidas que ainda não O conhecem.

Nós evitamos expectativas erradas de futuro ao nos conscientizarmos que o Senhor tem Sua visão de toda situação e é mais privilegiada que a nossa. Se depois que fizermos o que Deus nos orientou, os resultados não forem o que esperamos, no lugar de nos sentirmos fracassados, desiludidos, devemos esperar para entender o Seu coração depois.

Quando Jesus chamou os discípulos para segui-lo, eles desenvolveram uma expectativa errada de futuro em relação ao Reino de Deus. Alguns pediram para sentar à direita e à esquerda dele, outros disputavam quem seria o maior no Reino de Deus, até Jesus morrer na cruz e eles ficarem sem chão, sem esperança, decepcionados. “Esperávamos que fosse ele que ia trazer a redenção a Israel”. Disseram dois deles no caminho de Emaús (Lucas 24:21). Achavam que Jesus iria tirar Roma do trono do mundo e colocar Israel. Só depois da ressurreição é que compreenderam que Jesus veio para derrotar não um imperador, mas o Príncipe deste mundo que está por trás do sistema e nos libertar do Reino da escravidão do pecado. Ele queria libertar o mundo, não só Israel, o propósito era muito maior.

A Campanha dos 40 dias será a grande oportunidade de sua vida para refazer sua expectativa de futuro de acordo com a visão desse Deus maravilhoso, de confiar mais em Sua sabedoria do que em seus próprios sonhos, que são limitados. Somente assim você, no lugar de se preocupar com a pessoa ideal que lhe fará feliz, se preocupará em ser a pessoa ideal para fazer o outro feliz. Hoje você tem a oportunidade de rever sua expectativa de futuro. Uma outra coisa que leva você à caverna do esgotamento espiritual é:

1.2.Uma Visão Errada Da Realidade

“Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: Levante-se e coma. Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo... mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me”. v. 5,6,10


Elias, cansado e sedento, no deserto, longe de casa, debaixo de uma Siebra, profundamente deprimido e desejando morrer por se sentir um fracassado, estava cheio de queixumes e resmungos. Ele vira grandes coisas, mas foram reduzidas a quase nada, de uma perspectiva prática ligada a uma visão errada da realidade presente. Para ele o que antes era uma grande vitória agora não passava de um grande show pirotécnico no Monte Carmelo, mas sem nenhuma mudança entre o povo, sem nenhum dos resultados que ele esperava.

Apesar de Deus ter lhe dado a vida, ele queria morrer. Tornou-se prisioneiro de suas emoções negativas, e seu desespero prendeu sua mente à pequenez da situação. Ele não conseguia dizer como o salmista do Salmo 18:19: “Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque ele se agraciou de mim”. Na sua ótica, sua missão fracassou e o melhor a fazer era se esconder na caverna do esgotamento espiritual e esperar o fim, já que era o único fiel.

Vivemos em uma sociedade pragmática que julga tudo pelos resultados e resultados imediatos, por isso os fins justifiquem os meios. O que Deus nos manda fazer, ou nos orienta pode produzir ou não resultados imediatos, mas, com certeza, produz resultados permanentes e crescentes.

Um jovem pregava o evangelho nos vagões do trem. Certo dia,começou a pregar e, de repente, um homem se levantou, mandou-lhe calar a boca, blasfemou contra Deus, lhe deu uma tapa no rosto e jogou sua Bíblia pela janela. Profundamente magoado, se afastou do evangelho decepcionado, deixou a igreja. Passou o tempo e ele, sentindo um vazio, foi a um culto. Lá ouviu o testemunho de um homem que, num determinado dia, entrou em desespero e foi à linha do trem disposto a se matar, quando, de repente, uma Bíblia caiu de um vagão na sua frente e através dela encontro-se com Jesus. Foi aí que aquele jovem pregador entendeu que seu aparente fracasso naquele dia nada mais foi do que Deus usando aquela circunstância para salvar uma vida.

Quantos de nós ficamos cheios de queixumes e resmungos porque em determinada situação os resultados não foram o esperado e achamos que houve um fracasso. Quando as coisas não saem como planejadas, quando tudo parece dar errado, quando, no momento, nada parece se encaixar terminamos desenvolvendo uma visão errada, precipitada e limitada da realidade que nos faz entrar na caverna do esgotamento espiritual.

Na última ceia, Jesus pegou uma bacia e uma toalha e começou a lavar os pés dos seus discípulos, ao chegar a Pedro, este lhe perguntou: “Senhor, vais lavar os meus pés?” Jesus lhe respondeu com uma profunda verdade: “Você não compreende agora o que estou fazendo; mais tarde, porém, entenderá”.

É esta fé que Jesus espera de nós, quando os resultados momentâneos não forem condizentes com o que esperamos, quando um aparente fracasso surgir tentando plantar dúvida em nossa mente a fim de prendê-la àquela situação pequena e isolada, precisamos confiar que esses pequenos eventos fazem parte de um todo que o Senhor está visualizando, Assim saímos da caverna do esgotamento espiritual, porque entendemos que o sentimento de se estar só, é só um sentimento e não a realidade, nós saímos da caverna, porque passamos a entender que Deus nunca nos abandona. Hebreus 13:5: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei”.

A Campanha dos 40 dias é a oportunidade para, no lugar de reduzi-los a nada, fazer dos feitos que Deus já fez em sua vida, uma base de fé sólida para esperar Sua ação no devido tempo e perceber que não há razão para continuar na caverna do esgotamento espiritual porque até as circunstâncias ruins são usadas por Deus para nos abençoar.

O primeiro passo para sair da caverna do esgotamento espiritual é saber que uma expectativa errada de futuro e uma visão errada da realidade presente levam você a entrar na caverna do esgotamento espiritual. Um segundo passo para sair da Caverna do esgotamento espiritual é:

II – PARE DE NUTRIR O QUE O MANTÉM NA CAVERNA DO ESGOTAMENTO ESPIRITUAL

2.1. A Decepção Injusta com Deus

“Ali entrou numa caverna, e passou a noite... Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, o Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me”. v. 9, 10

Elias caminhou para o Monte Horebe, e ali entrou fisicamente na caverna, já que estava nela em espírito. Aquele cuja oração fizera Deus mover os elementos, estava agora escondido por causa da raiva de uma mulher. Ao ser questionado por Deus, ele lastimou sua sorte e expressou sua amargura e decepção. Basicamente disse a Deus: “Olha, o Senhor me chamou para uma missão e eu a cumpri dando o máximo de mim, só que fiquei na mão, o povo abandonou a fé, Acabe e Jezabel continuam no poder, promovendo uma rebelião aberta contra o Senhor. Mataram os teus profetas, derrubaram os teus altares e o Senhor não fez nada. Por isso resolvi abandonar a missão procuram me matar também e não tenho certeza que o Senhor fará alguma coisa para impedir. Que houve? O Senhor nos abandonou? Não se importa mais com seus profetas?”.

Elias estava num tamanho estado de angústia que por duas vezes repetiu essas mesmas palavras, Acabe e Jezabel eram os promotores explícitos dessa situação. A coisa estava podre de alto a baixo, e ninguém, permaneceu fiel, a não ser ele. Sua angústia o levou a perder a perspectiva espiritual e a sua alma, contraída pelo medo, cometeu uma injustiça, porque, com Deus, nenhuma situação extrema era definitiva ou final.

Quantas pessoas se dizem atéias por causa de uma decepção com Deus, na verdade tornaram-se indiferentes a Ele porque em alguma tragédia pessoal julgavam que Deus tinha de intervir. Outras porque acham que Deus deveria agir de maneira determinada, e, não acontece, surge a angústia de quem não leva em conta que Ele não pode ser retido em padrões ou conceitos humanos. E outras porque acham que as coisas só acontecem nesta terra, então, aqui se faz, aqui se paga, o velho materialismo em ação dominando a mente. Tal decepção é injusta porque ignora o fato de que o fim ainda não chegou, Deus está planejando algo melhor, e provando nossa fé.

Os teólogos e pregadores medievais davam muita importância ao que eles chamavam de Sete Pecados Mortais. Orgulho, inveja, ira, avareza, glutonaria, sensualidade e desânimo. Na velha relação dos Sete Pecados Mortais o desânimo era chamado de preguiça. Isso nos surpreende porque, geralmente, não pensamos em desânimo como pecado. Pelo contrário, pensamos nele como infortúnio ou aflição. Porém, visto que ele resulta da falta de fé em Deus e sua providência, pode muito bem ser relacionados entre os pecados que assaltam e ferem a nossa alma. Desânimo é a escolha do caminho mais fácil da desistência, no lugar do da perseverança, e da esperança.

Você deixa de nutrir a decepção injusta com Deus quando para de enxergar situações extremas e desfavoráveis com finais e definitivas. Por mais prolongada que a aflição possa parecer, ela é sempre temporária. Por mais injusta que seja a circunstância aparente, vai passar e o propósito de Deus vai prevalecer. O Salmo 37 é o melhor antídoto contra a decepção injusta com Deus:

“Não se aborreça por causa dos homens maus e não tenha inveja dos perversos; pois como o capim logo secarão, como a relva verde logo murcharão. Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança. Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração. Entregue seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá: ele deixará claro como a alvorada que você é justo, e como o sol do meio-dia que você é inocente. Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência;não se aborreça com o sucesso dos outros, nem com aqueles que maquinam o mal”. (v. 1-8).

Marta e Maria se decepcionaram injustamente com Jesus porque ele não curou Lázaro, que veio a falecer. O que não sabiam é que o Senhor tinha um plano muito maior para a vida dele que foi posto em prática quatro dias depois de sua morte: Ressuscita-lo para a glória de Deus!

Não se decepcione com Deus porque ele ainda não terminou. Tenha coragem de continuar crendo contra tudo e contra todos. Renove a esperança e se lembre do que a Bíblia diz: “Ora a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Pois por meio dela os antigos alcançaram bom testemunho... Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa àqueles que o buscam”. (Hebreus 11:1-3,6).

A Campanha dos quarenta dias com propósito é a oportunidade de você sair da caverna do esgotamento, conhecendo o modo como Deus opera em sua vida. Pare de nutrir essa decepção com Deus e você estará livre para sair. Existe, porém, um outro sentimento que o mantém na caverna do esgotamento espiritual.

2.2. O Sentimento de Auto-Piedade

“Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados... Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, o Deus dos Exércitos... Sou o único que sobrou”.
v. 4,10,14

Debaixo da giesta ou na caverna, Elias estava deprimido. As coisas não saíram como ele esperava. Ele sonhava em promover um grande avivamento no Reino do Norte, Israel, mas, apesar da seca que só parou quando ele orou e da manifestação de poder de Deus em forma de fogo no monte Carmelo, tal avivamento não veio. Para completar Jezabel, a eminência parda no reino de Acabe, ameaçou colocar todos os seus assassinos na sua cola para eliminá-lo em vinte e quatro horas, sentindo medo, abandonou a sua missão, e fugiu de Jezreel tão ligeiro com chegou. Descobriu que não era capaz de dar a sua vida pela causa do Senhor e, por isso, se sentiu um fracassado. “Eu não sou melhor do que os meus antepassados”. Não havia mais razão para viver.

Além disso, do seu ponto de vista, estava só, não havia espaço no mundo para alguém como ele. Esta queixa desesperada era fruto de uma pessoa que, com uma profunda consciência de dever, muitas vezes viveu a sós com as suas meditações, mas agora, sentia a falta de amigos e apoio humano. Esquecendo-se de que a vitória da causa de Deus não dependia dele, Elias começou a alimentar o hábito egoístico e destrutivo de ter pena de si mesmo. Por isso, Tiago disse certa vez: Tiago 5:17: “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos”.

Muitas pessoas têm se recolhido na caverna do esgotamento espiritual porque se concentram em si mesmos de forma egoísta, pensando que o mundo não os merece, não os valoriza, e, muitas vezes, se declaram fracassados porque querem que as pessoas sintam pena também. Esse hábito é destrutivo porque mina a fé e a esperança, levando-as a desenvolver, no fundo, um conceito mais alto de si mesmo do que realmente é. Elas se arriscam a achar que merecem os benefícios de Deus e das pessoas. É esse sentimento que está por trás das ações de quem pratica corrupção em qualquer esfera: Eu mereço mais! É este sentimento que está por trás Calvário todo o chão é plano. Todos nós somos pecadores, não merecemos a graça de Deus, tudo o que temos é por causa do Seu amor. Por isso, não temos porque ter autopiedade. Paulo diz:

Romanos 12:3: “Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu”.

Todo sofrimento, decepção e tribulações que Deus permite que passamos na vida tem como propósito nos fazer crescer, amadurecer, nos fortalecer para chegarmos no alvo que ele planejou para nós. Tiago 1:2-4: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma”.


Estranhamente, é verdade que, no mundo físico, grande parte das maiores belezas é produto de pressão e sofrimento. A pérola, uma das mais belas pedras preciosas, é o resultado de dor e irritação causadas na ostra, em que camada após camada de beleza é adicionada ao redor do grão de areia perturbador. E o diamante, que reflete os raios do sol em todas as cores refulgentes do arco-íris, é o resultado das pressões e choques ocorridos nas profundezas da terra.

Nada escapa aos propósitos de Deus, até nossas tribulações e erros ele levou em conta, por isso, para sair da caverna do esgotamento espiritual é preciso parar de nutrir esses sentimentos: O de decepção injusta com Deus e o de auto-piedade. Aproveite a Campanha dos quarenta dias para isso.

III – OUÇA A VOZ DE DEUS LHE CHAMANDO PARA FORA DA CAVERNA DO ESGOTAMENTO ESPIRITUAL

3.1. Para Lhe Mostrar que Está no Lugar Errado


“Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa... Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o Senhor vai passar... E a palavra do Senhor veio a ele: O que você está fazendo aqui, Elias?” v. 7,9,11,13

O texto também nos chama a atenção ao fato de Elias, apesar de todo o desânimo e decepção, fugiu para o Monte Horebe, em direção a Deus, apesar de tudo. Queria ouvir a voz de Deus e Ele começou a falar com o profeta desde quando estava debaixo da giesta.

Primeiro, Deus falou que iria curar o seu desânimo ao enviar o anjo com provisão material para seu corpo físico e, mesmo depois que Elias, comeu e bebeu e, depois voltou a dormir, esquecendo de reparar na presença que estava ali, O Senhor o tocou pela segunda vez, e o alimentou de novo. Deus sabia que, assim como as curas físicas com freqüência requerem tempo, com uma aplicação demorada de medicamentos. As curas da alma e da mente também podem levar algum tempo. Deus é o Deus da segunda chance, do segundo toque, é aquele que levanta o prostrado e o coloca de pé, como fez com Elias levando-o a caminhar por quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Monte de Deus.

Segundo, Deus falou que iria curar sua angústia ao chegar com Sua presença dentro da caverna com provisão espiritual, mostrando que ele não está tão só quanto parece. Ao perguntar, O que você está fazendo aqui, Elias? Deus estava dizendo a ele que estava fora da Sua vontade, de seus planos, estava no lugar errado. Não havia o que fazer ali. Deus mostrou a Elias que seus planos para a vida dele não incluíam a sombra da giesta para alimentar autocomiseração, nem a caverna para alimentar auto-piedade. Deus o queria no centro da Sua vontade.

Agostinho desenvolveu duas teorias acerca da nossa relação com Deus. A “teoria do Gato e Seus Filhotes” e a “Teoria do Macaco”. O gato sempre carrega os seus filhotes pela nuca, enquanto o macaco se agarra ao pescoço de sua mãe e é carregado. A questão é: É Deus que me carrega, quer eu resista, quer não, ou sou eu que me agarro a Deus e me apego a Ele? O cristianismo responde: Ambas as coisas! Eu seguro e sou segurado. Isto é, eu me apego a ele, e ele, por seu turno, me segura de encontro a si, e juntos nos tornamos co-partícipes”.

Há muitas pessoas que, quando desanimadas, deprimidas e desencorajadas, por estarem decepcionadas correm para longe de Deus. O melhor a fazer é como Elias, correr para o Único que pode ajudar. Não fuja de Deus! Fuja para Ele! É o único que pode lhe prover as necessidades físicas, emocionais e espirituais. Deus não quer você nem debaixo da giesta, nem da caverna, porque o desânimo, o esgotamento espiritual obscurece a fé e polui as forças ocasionando desespero, de forma que é difícil até ver Deus.

Assim como Deus manifestou o seu amor a Elias, Quer dizer a você que O ama e está sempre perto de você mesmo nos momentos mais difíceis de sua caminhada, mesmo que não O perceba, e, muitas vezes, nem O reconheça. É com o Seu amor que Ele lhe chama para sair da caverna.

É a falta de um conhecimento mais profundo de Deus que nos leva ao desespero. Platão, para ilustrar a sua visão filosófica, contou o famoso Mito da Caverna, sobre um grupo de pessoas que foram nascidas e criadas dentro de uma caverna, onde tudo era feito na escuridão, tudo adaptado ao escuro, estavam acostumados a ela, até que um dia, um deles chegou à saída da caverna e descobriu que existia muita coisa além e melhor, da vida que eles levavam como a luz, as cores, as formas, os seres, a noção de espaço e profundidade, tudo muito diferente e fascinante. Tal descoberta mudou radicalmente a visão de vida deles. Com essa parábola Platão afirmava que a ignorância é como uma caverna escura, e o conhecimento é a luz que leva para fora da caverna.

Quem sabe não foi a falta de um conhecimento mais profundo acerca de Deus e do Seu amor que o levou a entrar na caverna do esgotamento espiritual, hoje Ele lhe mostra o quanto te ama, entrando na caverna indo ao seu encontro e lhe convidando para sair. Oséias 4:6: “O meu povo foi destruído por falta de conhecimento”. Não fique nas trevas da ignorância, saia da caverna,venha para a luz do amor de Jesus. Este será o convite feito durante os quarenta dias com propósito.


3.2. Para Lhe Fazer Recuperar o Foco

“O Senhor lhe disse: Volte pelo caminho por onde veio... fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas na o beijaram”. v.15, 18


O Monte Horebe foi o lugar onde Deus, com trovões e relâmpagos entregou a Lei a Moisés. Ele fez passar um vento que quebrava as rochas, mas, não estava no vento, depois veio um terremoto terrível, também não estava ali, em seguida veio um fogo, também, não estava nele. Após todas essas manifestações, numa brisa suave, inesperada, quase silenciosa, Se fez presente. A língua original classifica de um som de gentil silêncio. Sabe por quê? Deus não queria que Elias se aproximasse por medo, mas, por amor.

Perguntando-lhe uma segunda vez o que fazia ali, e suportando a amargura de espírito de Elias, Deus lhe abre a visão e lhe descobre o engano de suas impressões das circunstâncias. Lembra-lhe os cem profetas que Oséias escondeu em cavernas e que estão esperando o Seu chamado, Por pior que fosse a apostasia, Deus sempre reservou um grupo pequeno para começar tudo de novo. Por que não me perguntou, Elias? Por que não confiou em mim? Por que se precipitou? Por que não descansou na minha força? Não sabia que ainda não operei juízo sobre Israel e sobre a casa de Acabe por causa desses filhos que continuam fiéis, apesar da perseguição? Contudo, o juízo vai chegar e é você quem vai anunciar. Elias confundiu o silêncio de Deus com inatividade, e perdeu o foco. Contudo, Deus lhe restaurou as forças, o ânimo, a fé e o foco de sua missão, levando-o a voltar exatamente por onde veio e reassumir a missão acabado.

John Gill: “...uma voz, não rouca, mas gentil, mas como um cicio do que como um rugido; algumas vezes suave, fácil e musical. O evangelho é uma voz gentil de amor, graça, misericórdia e paz. Se a Lei foi acompanhada por relâmpagos e terremotos... Bem aventurados os que ouvem a voz tranqüila do evangelho”.

A melhor inspiração nas horas de depressão é receber mais responsabilidades das mãos de Deus, e saber que Ele ainda o ama e confia a ponto de lhe dar uma missão, restaurando o foco que precisa para uma vida vitoriosa. O que está acontecendo, ou o que aconteceu com você em qualquer área, as decepções e circunstâncias não indicam que chegou ao fim. Deus é o fim último de tudo, e Ele continua buscando você para lhe restaurar o foco da sua vida. Confie na visão de Deus, nada escapa ao Seu controle. Confie na Sua fidelidade e nunca mais confunda o silêncio de Deus com inatividade. Deus nunca está parado, quando em silêncio, está trabalhando para cumprir seus planos.

Deus está lhe convidando a sair da caverna do esgotamento espiritual, e lhe separando para uma missão. Na Campanha dos quarenta dias você descobrirá o que Deus tem reservado para você.

Conclusão

Sair da caverna do esgotamento espiritual é abandonar a atitude de caverna. Peça a Deus que liberte sua mente e sua alma dessas emoções negativas que o tem levado a se tornar prisioneiro de situações pequenas, sem levar em conta o contexto espiritual geral, que inclui as promessas de vitória do Senhor.

Veja o que o levou à caverna, mude sua expectativa de futuro e sua visão da realidade presente. Pare de nutrir sentimentos como decepção com Deus e auto-piedade, Ouça e atenda a voz de Deus que lhe entrou na caverna para lhe chamar para fora, porque a melhor maneira de vencer os medos não é encara-los, mas encarar a presença de Deus, ser inundado pelo Seu amor, e por isso, ver o medo ser lançado fora.

A Campanha dos quarenta dias é a oportunidade de ser liberto dessa caverna de esgotamento espiritual. Saia da caverna!
















Um comentário:

Michael Fassheber disse...

Acho que foi o melhor texto e estudo que encontrei deste texto... parabéns! Me abençoou muito e certamente usarei muitas coisas que você disse aqui para repassar a outras pessoas.

Muito obrigado!