quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A FELICIDADE DOS QUE CHORAM




“Quão felizes são os que choram, pois serão consolados”.
Mateus 5:4


Parece um contra-senso a expressão: quão felizes os que choram. Contudo, numa sociedade cansada de represar emoções para não demonstrar fraquezas, relacionamentos superficiais e utilitários, e de pagar alguém para ouvir seus problemas, ela expressa alívio. As empresas, atestando o grande prejuízo emocional desse estado de coisas, têm promovido momentos de convívio mútuo, palestras motivacionais, e premiações para superar tais dificuldades, investindo inclusive em assistência terapêutica.

A ciência tem atestado que o choro é uma prática saudável que alivia a alma, revigora as baterias emocionais e dá vazão à dor. Quem não chora adoece o espírito. É bom, contudo, destacar que, apesar de todo o bem estar que proporcione, Jesus não se refere a qualquer choro. Por exemplo, ele não está afirmando que é feliz quem chora de raiva, ou por causa do orgulho ferido, ou da mágoa ou do rancor guardado, de ódio ou de manha. Jesus não associa o choro às manifestações de gênio, mas à nossa sensibilidade à certas circunstâncias.

Jesus se refere à reação emocional pura e sincera que leva à uma ação, e não a uma comoção passageira que deixa tudo como está. Não é o choro do sensibilizado, mas do frustrado, do aflito. De alguém que tentou e não conseguiu, embora desejasse muito. Quais os choros que levam a tal prática? O choro de quem reconhece seus erros e pecados, de quem sofre e enxerga a injustiça, de quem se compadece da dor do outro, de quem está aflito e de quem sofre da tristeza dada por Deus.

A reação emocional por causa do pecado é um aspecto do arrependimento. Tal reação vem do reconhecimento de que falhou com Deus, e concordou com Ele que o ato cometido foi pecado e um mal, segundo o Seu ponto de vista de Deus, e, por isso, tem consciência que esse erro o o fez enviar seu Único Filho para morrer na cruz por causa disso. Quem chora essas lágrimas não se prende à culpa ou ao remorso, mas busca, sinceramente, corrigir seus erros e o perdão de Deus ou da pessoa que magoou, e demonstra profunda decepção consigo mesmo por não conseguir fazer Deus, o seu Pai sorrir.

Deus, por sua vez, se comove com o choro do arrependido e o espera de braços abertos porque, para Ele não há melhor culto, melhor adoração, melhor declaração de confiança do que a daquele que abre sua alma em confissão e se joga em seus braços na certeza de que será aceito. Davi conhecia bem esse aspecto do caráter de Deus, por isso, em sua confissão, escreveu: “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás”(Salmo 51:17). Há muito tempo Ele tem chamado seus filhos ao arrependimento. “Agora, porém, declara o Senhor, voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto” (Joel 2:12).

Arrependimento não é uma atitude conseqüente do pecado que foi descoberto, mas a ação consciente por causa do pecado praticado. O arrependido toma a iniciativa de confessar, não confessa porque foi flagrado no erro, embora possa existir arrependimento em quem é pego. Contudo, o mundo tem como verdade a idéia de que errado não é cometer o pecado, mas ser pego. Nada, porém, passa despercebido por Deus.

O arrependido é aquele que reconhece o erro e, sem justificá-lo, o confessa com profunda tristeza e quebrantamento. Não argumenta, não racionaliza que todo mundo faz nem transfere a culpa para o outro, simplesmente diz: Fui eu Senhor, só eu errei. E chora suas limitações e fraquezas se colocando à mercê da misericórdia e do amor de Deus.
Quem chora dessa maneira é feliz porque encontra o consolo do perdão de um Pai amoroso que o espera de braços abertos. Por isso Pedro pregou no templo: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, para que venham tempos de descanso da parte do Senhor, e ele mande o Cristo, o qual lhes foi designado, Jesus”. (Atos 3:19,20).

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